A maconha é a “porta de entrada” para as outras drogas, SIM!

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Comentários publicado na revista Veja sobre o tema.

“Nunca prendemos tanta gente. A razão é simples: o número de criminosos está aumentando porque a demanda por droga também cresceu. É a lei da oferta e da procura”.

Delegado Reinaldo Corrêa
Departamento de narcóticos da polícia paulista.

“Muito interessante a forma como foi feita a reportagem, abrindo espaço para reflexões. É visível que o problema não se resolve com o trabalho de combate. A solução real é a educação de qualidade para as nossas crianças e adolescentes como instrumento de prevenção. Trabalho há quase trinta anos com usuários de drogas e dependentes químicos e posso confirmar os sérios riscos que a pessoa corre ao fumar maconha. Entre outros perigos, quando o indivíduo é geneticamente predisposto para a psicose (o que é previamente desconhecido por ele), o uso pode desencadear um surto e até um quadro psicótico permanente”.

Roberto Lúcio Viera de Souza
Médico psiquiatra
Belo Horizonte, MG


“Fernando Henrique Cardoso sai “explicando” o THC (maconha) e diz que errou quando agiu antes. Quem garante que ele está certo agora?”

José Francisco Veloso
Doutor em dependência química
Vila Velha, ES


“O Brasil de hoje insiste em privilegiar as minorias, com métodos subliminares, ineficientes e ofensivos à maioria. A regulamentação do uso da maconha atende somente aos apelos da hipocrisia e da indolência. O cidadão de bem não está interessado nesse debate, não obstante seja vitimado caos social provocado pela sua demanda. A liberação não reduzirá a violência nem o poder do narcotráfico, muito menos o consumo. A violência persistiria, porque existem outras drogas mais baratas e devastadoras. O poder do narcotráfico restaria intocável, mediante o fomento do mercado paralelo. E o adepto do baseado prosseguiria puxando o seu, sem ser importunado.

Antes das experiências alienígenas o Brasil precisa provar um daqueles planos de segurança sucessivamente engavetados pelos governantes, precisa da verticalização dos bons exemplos e da atenção aos seus filhos decentes e trabalhadores. A perdição da humanidade jaz nessa relatividade dos conceitos, responsável pela insegurança jurídica, pela descrença nas instituições, pelo desmantelamento dos lares, pelos desvarios da sociedade”.

Lucia Castralli
Delegada de Polícia Federal
Salvador, BA

“É ilusão acreditar que a descriminalização de drogas vai acabar com o tráfico. O tráfico é igual ao contrabandista, sempre oferecerá um preço mais baixo porque não paga impostos”.

Ronaldo Pianowski de Moraes
Curitiba, PR

A utopia de desfazer o nó
Veja – 06/06/2011 [trechos]
Otávio Cabral


O Brasil é o único país que faz fronteira com os três maiores produtores de coca do mundo: Peru, Colômbia e Bolívia. Dos três, apenas a Colômbia tem uma política agressiva de combate às drogas. A Bolívia é governada por um ex-cocalero, e o Peru será apontado na próxima semana pela ONU como o maior produtor mundial da droga. O plantio da coca, antes concentrado nos vales andinos, já chegou à Amazônia peruana, ao lado do Brasil. No total, as fronteiras brasileiras somam mais de 24000 quilômetros. Mesmo que o país contasse com o mais eficiente sistema de segurança do mundo, seria impossível barrar a entrada de drogas por tal vastidão – que dirá, então, com os míseros 27 postos da Polícia Federal instalados para vigiá-la. Sofremos, ainda, com corrupção generalizada e verticalizada, que atinge todos os escalões de todas as instituições. A alta taxa de informalidade da economia é outra grande amiga dos criminosos: permite ao tráfico fincar estacas em rodas as regiões do país, cooptando jovens sem instrução, de famílias pobres e desestruturadas. Da geografia às mazelas crônicas do país, portanto, tudo conspira para que no Brasil o tráfico floresça e produza sua horda de viciados. Que, nem adianta enganar-se, não ganhariam nenhum amparo real de um sistema de saúde tão falido que, em certas regiões, não consegue atender a queixas básicas.

Países que já solucionaram essas questões provavelmente teriam a ganhar em ao menos examinar argumentos como os expostos em Quebrando o Tabu antes de descartá-las. Mas, mesmo nesses, a descriminalização deixaria a descoberto uma questão essencial. Veja-se o caso da Holanda, onde a venda varejista de maconha e haxixe em coffee shops é aceita e regulada e a venda no atacado, por assim dizer, é crime. Como a droga segue abastecendo o comércio, é óbvio que há uma medida de conivência do estado com o tráfico. Que, sim, é um problema do qual os holandeses têm de se defender ferozmente. Por isso países como a Suécia reverteram suas políticas liberalizantes. No início da década de 60, os suecos estiveram entre os primeiros a aceitar o uso de entorpecentes. Mas o afrouxamento fez explodir o número de usuários e congestionou o sistema de saúde. Na década seguinte, então, o país endureceu a legislação e voltou a proibir ouso e a impor penas tanto a traficantes como a usuários. Hoje, a Suécia tem um terço da média europeia de usuários de drogas. Na Suíça, na década de 80, foram criados os “parques da seringa”, onde se podia consumir qualquer tipo de droga sem ser incomodado. A ex-presidente Ruth Dreifuss (1999) admite o fracasso: “Perdemos o controle dos parques: os criminosos os aproveitavam para trazer drogas para os viciados”. Por dez anos seguidos, nos Estados Unidos, a política da tolerância zero fez cair o consumo de maconha entre os estudantes. Há três anos, ele voltou a subir: segundo especialistas, efeito direto da liberação da maconha para fins medicinais na Califórnia e em outra dezena de estados – a qual favoreceu o surgimento de uma rede de “médicos-traficantes” que prescrevem a erva a qualquer um que pague entre 100 e 500 dólares por uma receita.

No Brasil, qualquer discussão que vise a mitigar o problema das drogas tem de reconhecer a tragédia pandêmica e assassina do crack. Essa forma de consumir cocaína, antes restrita às grandes cidades, hoje está espalhada pelo país. Mais destrutivo ainda, o óxi chegou aos centros urbanos a 2 reais a pedra. “Não há dúvida de que a maconha é uma porta de entrada. Ninguém começa direto no crack. Primeiro é o cigarro, depois uma cervejinha, um baseado…”, diz o psiquiatra André Malbergier, da Universidade de São Paulo. Segundo essa visão, qualquer tolerância ao uso da maconha provocaria, de imediato, um aumento do consumo, alargando a porta de entrada a que se refere o psiquiatra Malbergier.
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O tráfico tem a maconha como seu produto mais vendido, embora menos lucrativo que a cocaína e o crack. Tráfico que sitia partes de cidades, arregimenta jovens para o crime, decreta toque de recolher, substitui o estado e abre portas para outros tipos de delito, como tráfico de armas, sequestro, homicídio e roubo de carros. Em suma, quem fuma maconha está ajudando a movimentar a roda do crime. Ela é também um problema de saúde pública. Pelo menos 6% dos usuários se tornam viciados. É menos que o álcool (15%) e a cocaína (40%), mas o índice não pode ser desprezado. No período de uso intenso, há alteração da memória e da capacidade de concentração. Se for muito utilizada na adolescência, pode antecipar transtornos psíquicos. “Em meu consultório, atendo garotos que perderam o controle. Como acham que a maconha não traz problemas, eles usam de manhã, de tarde e à noite. Saem do eixo, deixam a escola”, alerta Arthur Guerra.
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fonte: Carmadélio

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