Laicismo ou totalitarismo?

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O laicismo é supostamente a equidistância do Estado em relação às diversas religiões (que inclui o ateísmo). Mas será que a obsessão laicista não se pode transformar numa espécie de “religião civil”?

O laicismo, sem assumir claramente o ateísmo, acaba por se transformar numa religião civil, embora se apresente como uma religiosidade pela negativa ― isto é, depende da existência das religiões tradicionais para poder sobreviver ―, sendo que todas as pessoas que professem uma religião diferente da laica passam a ser uma espécie de novos heréticos. Os fundamentalismos sempre precisaram dos heréticos para poderem sobreviver.

A linha que separa o ateísmo do laicismo é ténue, porque ambas as religiões condenam a manifestação pública de religiosidades diferentes das da “religião civil”.

Por outro lado, o laicismo como religião civil professa o credo no relativismo ― a única coisa absoluta que existe para o laico é o relativismo absoluto. No laicismo não existe, na verdade, uma ideia de tolerância religiosa senão a de um afastamento das religiões tradicionais da vida pública, em beneficio da supremacia de uma religião civil que parte do relativismo absoluto para impôr o absoluto relativismo; pertencer a outra religião que não a “civil” passou a ser tabu, para além de ser motivo para discriminação política a nível do Estado laico.

O mais ridículo no laicismo, é a ideia de alguns úteis laicos segundo a qual “o Estado não deve ser usado para impôr a moral”. Esta ideia é defendida pelos laicistas como sendo a demonstração da sua “neutralidade”, não se dando conta de que a sustentação da neutralidade moral é, em si mesma, não-neutral.

Com o argumento inicial de impedir que o Estado imponha uma determinada religião na sociedade, o laicismo evoluiu para um processo de opressão sobre uma maioria que não comunga da religião civil estatal. O novo tabu imposto pelo Estado é o da tentativa de proibição do julgamento ético e moral do comportamento humano, e por inerência pretendendo, assim, enfraquecer o espírito crítico dos cidadãos. É por aí que pode vir um novo totalitarismo.

A alternativa ao Estado laico é o Estado livre ― um Estado onde toda a gente possa manifestar a sua religiosidade [dentro das regras legais de um Estado aberto à sociedade] sem temer represálias políticas ou de outra ordem.

Fonte:www.comshalom.org/blog/carmadelio

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