Infelizmente o demônio colocou na cabeça de muitos cristãos que “Política não presta”; então, os bons se afastaram dela deixando-a aos cuidados de muitos que a usam para o seu próprio bem, e não do povo, do bem comum. É claro que há políticos honrados.
A Igreja sempre ensinou que a política é a arte de buscar “o bem comum”, o bem de todos, especialmente dos mais necessitados. Então, como disse o Papa Francisco, “política é arte de fazer caridade”. O verdadeiro político é um “sacerdote” que só pensa no bem dos seus concidadãos; não pensa em si mesmo.
A política é boa, santa, o que não presta é a politicagem, o uso e abuso da política. O político é bom, o que não presta é o politiqueiro, que usa da política para seu enriquecimento, multiplicando as falcatruas e corrupções, os mensalões e outras práticas desonestas.
Os papas têm repetido isso muitas vezes, chamando os católicos a entrarem sem medo na vida publica. O nosso Catecismo (§899) diz: “A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios para impregnar as realidades sociais, políticas e econômicas com as exigências da doutrina e da vida cristãs. Esta iniciativa é um elemento normal da vida da Igreja.”
O Papa Francisco disse:
“A política, tão denegrida, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum”. “Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós não podemos fazer como Pilatos e lavar as mãos, não podemos. Temos de nos meter na política porque a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política. A política está muito suja, mas eu pergunto: está suja por que? Por que os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico? É a pergunta que faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros… mas, e eu, o que faço? Isso é um dever. Trabalhar para o bem comum é dever do cristão”.
João Paulo II já tinha dito na “Christifidelis laici” (n. 42):
“Para animar cristãmente a ordem temporal, no sentido que se disse de servir a pessoa e a sociedade, os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na «política», ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum.
Bento XVI pediu aos bispos que estimulem os fiéis leigos a “vencer todo espírito de fechamento, distração e indiferença, e a participar em primeira pessoa na vida pública”, para construir uma sociedade que respeite plenamente a dignidade humana”. Ele insistiu na importância das “iniciativas de formação inspiradas na Doutrina Social da Igreja, para que quem esteja chamado a responsabilidades políticas e administrativas não seja vítima da tentação de explorar sua posição por interesses pessoais ou por sede de poder”. (ROMA, 26 de maio de 2011 ZENIT.org).
Participar da política não é somente ser candidato a algum cargo; isso cabe a poucos; a maioria cristã tem de se engajar no sentido de votar bem e esclarecer a quem puder para fazer o mesmo. Precisamos vencer o pessimismo derrotista do “não tem jeito!”, “está tudo perdido!”, “não adianta fazer nada!”. Não! O Brasil é um grande país, abençoado, cheio de recursos; o que falta é educar o povo e conscientizá-lo. Marthin Luther King, o grande pastor negro americano assassinado em 1963, disse: “Não tenho medo do grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. Tenho medo é do silêncio dos bons.”
Isso é uma tarefa política que cabe a cada um de nós. Orientar e educar o povo, os irmãos, os amigos, politicamente. Chega de dar o voto “a quem vai me beneficiar”; isso é egoísmo destruidor. Ensinemos os alienados a votar conscientemente, conhecendo a quem dá o seu voto, sem se deixar levar por conversas e promessas vazias e eleitoreiras.
É possível sim levantar essa nação para o bem, a justiça e a verdade. Vimos como esse povo foi para as ruas de maneira ordeira e pacífica em junho de 2013, exigindo mais dos governantes. Agora, essa força precisa ser canalizada para as urnas. Que cada um esclareça seu próximo; ensine-o a votar com a cabeça e não com o coração ou com segundos interesses interesseiros e egoístas. Não posso votar pensando em mim, mas na Nação. Quando John Kennedy foi eleito presidente dos EUA, ele disse em seu discurso de posse: “Americano, não pergunte o que os Estados Unidos podem fazer por você, mas o que você pode fazer pelos Estados Unidos”.
É preciso reformar a sociedade que está doente, mudar o nosso sistema político injusto, eliminar a corrupção e a imoralidade, restaurar a democracia…; mas tudo isso começa com a eleição de pessoas honestas e capacitadas. Ensine as pessoas a não anularem o voto ou votar em branco; isso significa abdicar da luta e entregar o poder aos piores; alguém será eleito.